Médico Cirurgião Plástico, ASBCP
E-mail: congresso@cirurgiaplastica.org.br
Co-autores
Aymar Edson Sperly | Médico Cirurgião Plástico,TCBC,TSBCP |
Haniel Márcio Hitner Rocha da Silva | Médico Cirurgião Plástico, ASBCP |
José Octavio Gonçalves de Freitas | Médico Cirurgião Plástico, TCBC,TSBCP |
Descritoresvibrolipoaspiração, dermolipectomia, abdomem ResumoO autor relata a experiência de 4 anos, em clínica privada, da associação da vibrolipoaspiração à dermolipectomia clássica, em pacientes que reconhecidamente têm abdome em avental, com excesso de pele e tecido celular subcutâneo, diástase de MM retos do abdome e lipodistrofia de tronco. O procedimento cirúrgico inicia-se com o paciente em decúbito ventral e posteriormente é concluída em decúbito dorsal. Observaram-se ganhos estéticos e fisiológicos, como a melhora da postura e até mesmo de melhora do hábito intestinal, fruto da maior eficácia da prensa abdominal e de mudanças de hábito.
Materiais e MétodoA vibrolipoaspiração, ou lipoaspiração vibratória é um método eficaz para tratar a lipodistrofia, permitindo maior rapidez do procedimento cirúrgico e possibilidade de maior retirada de gordura, proporcionada por um índice de lesões teciduais, incluindo-se os vasos sangüíneos, menor.
Nesse período de 4 anos foram operadas 44 pacientes, todas do sexo feminino, representadas na tabela 1.
Inicialmente é feita a marcação, em pé e sentada (Fotografia 1). Com a paciente já anestesiada (anestesia peridural ou geral , ou ambas) e em decúbito ventral, inicia-se a vibrolipoaspiração na porção posterior. São feitos no mínimo 2 orifícios puntiformes paramedianos, separados cerca de 15 a 20cm um do outro, na região lombar.
Após a injeção de solução de adrenalina e Soro Fisiológico (1:500.000) em quantidade suficiente para se obter a tumescência desejada(Fotografia 2), a lipoaspiração se inicia com cânula de diâmetro 3,5mm, na região mais profunda. A seguir passa-se à cânula 3 e 2,5mm respectivamente, à medida que se aproxima das camadas superficiais(Fotografia 2).
Os túneis se cruzam em todos os níveis, motivo este, de fazerem-se os orifícios paramedianamente.
A paciente é colocada em decúbito dorsal e são feitos mais cinco incisões puntiformes. Duas no hipogástrio, na porção que será ressecada, dois nas regiões infracostais e um na região supra-umbilical.
O volume aspirado variou entre 1800ml e 3600ml. A média foi de 2570ml.
A seguir inicia-se a dermolipectomia pela incisão peri-umbilical (Fotografia 3) em forma de um “V” invertido ampliado, como uma seta(Figura1) e descolamento até plano aponeurótico. É feita então a incisão superior(Fotografia 4) e descolamento até apêndice xifóide, com preservação dos vasos perfurantes (Fotografia 5). Após flexão e teste do retalho (Fotografia 6), resseca-se o fuso dermogorduroso infra-umbilical, cuja massa variou de 720g a 1.800g, com média de 1.306g. A plicatura mediana das aponeuroses dos MM retos é realizada e o retalho avançado e o umbigo fixado (Fotografia 7) e posteriormente exteriorizado, após medição e determinação da localização. A incisão para a exteriorização do umbigo tem a forma de “V” invertido(Figura 2).
No pós-operatório foram feitas drenagens linfáticas manuais em todos os casos, iniciando-se entre o 5º e o 10º PO. Todas as pacientes foram drenadas com drenos vácuo-ativos e o uso de modeladores iniciou-se imediatamente após o término da cirurgia. Nos primeiros 10 dias deu-se preferência ao uso de faixa abdominal compressiva. A partir do 11º PO, a cinta modeladora.
Os pontos de fixação do retalho entre o TCSC e a aponeurose(Pontos de Baroudi – Fotografia 9) são usados atualmente em todos casos operados. O retalho tem boa perfusão em toda extensão (Fotografia 10)
A todas pacientes foi recomendado andar com o tronco fletido por uma semana a 10 dias.
O índice de queixa de dor no pós-operatório é pequeno, havendo mais queixa de dor na região dorsal, decorrente da postura. O período de internação, contando a cirurgia, não superou 48 horas.
tABELA 01: Perfil das pacientes submetidas ao método |
fIGURA 01: Forma da incisão peri-umbilical inicial. |
fIGURA 02: Incisão para exteriorização do umbigo. É feito um “V” invertido(a), que depois de descolado fica como mostrado em “b” e finalmente em “c”. |
Somente a lipoaspiração ou somente a dermolipectomia abdominal clássica não devolvem à paciente a satisfação total.
A dermolipectomia, além de remover o tecido excedente, que na maioria dos casos apresenta pele de má qualidade, com estrias e perda de elasticidade, permite a correção da diástase muscular que recupera não só a estética, mas também a função da parede abdominal, de conter as vísceras na posição adequada, inclusive com repercussão na postura da paciente.
A lipoaspiração já é uma técnica consagrada. Desde que surgiu há 25 anos, muitas inovações foram pouco a pouco, sendo incorporadas. As cânulas vibratórias, aqui empregadas, são sem dúvida um grande avanço, pois ao mesmo tempo que proporcionam ao cirurgião um esforço menor, produzem no tecido gorduroso inúmeros túneis, com menor perda sangüínea, decorrente do índice de lesão vascular menor.
Esses túneis, dispostos de maneira cruzada, produzem no tecido celular subcutâneo uma aparência de esponja, com grande número de trabéculas que, mais do que garantir um bom pedículo, proporcionam elasticidade, necessitando-se assim de um descolamento reduzido para o avanço do retalho, na dermolipectomia clássica.
ConclusãoA associação de duas técnicas complementares, e a um só tempo cirúrgico, trazem às pacientes os benefícios de ambas, sem que seus inconvenientes sejam somados individualmente.
A recuperação pós-operatória não tem o tempo estendido em relação à dermolipectomia clássica e o resultado é potencializado, uma vez que trata não só o abdome, mas o tronco todo, no que concerne à lipodistrofia. O resultado da cirurgia é rapidamente perceptível e seus efeitos duradouros.
Existe, além do ganho estético, o ganho funcional, que além daqueles tangíveis, como a melhor postura, há também aqueles subjetivos, como o aumento de auto-estima e a recuperação da auto-confiança das pessoas que se submeteram ao método.
SummaryThe author relates experience of 4 years, in private clinic, associating vibroliposuction and classical abdominal dermolipectomy for patients who have true “apron abdomen”, with redundant skin and subcoutaneus tissue, diashasis of MM recctus of abdomen and lipodistrophy of trunk.
The surgery begins with the patient in ventral decubitus and it is concluded in dorsal decubitus. Aesthetic and physiological gains were observed, like postural and intestinal habits improvement, as a result of better efficacy of abdominal PRESS and changes in life style.
Bibliografia1. Akbas H; Güneren E; Eroglu L; Uysal OA - Natural-looking umbilicus as an important part of abdominoplasty - Aesthetic Plast Surg; 27(2):139-42, 2003 Mar-Apr. ISSN 0364-216X
2. Brauman D - Liposuction abdominoplasty: an evolving concept. - Plast Reconstr Surg; 112(1):288-98; discussion 299-301, 2003 Jul. ISSN 0032-1052
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4. Hakme, Farid; Toledo, Olga Maria Rodrigues; Souto, Alcemar Maia; Moojen, Jorge Guilherme Nácul; Sjostedt, Claudio Oscar. - Detalhes técnicos na lipoaspiraçäo associada à abdominoplastia / Technical details in the lipoaspiration associated with abdominoplasty - Rev. bras. cir;75(5):331-7, set.-out. 1985.
5. Pigossi, Nelson; Tariki, J. Y; Calonge, H. C. F; Andrade, A. C. H; Misawa, H. T; Ferreira, Marcus Castro. - Tatica na abordagem umbilical em abdominoplastias / Tactics in the umbilical approach in abdominoplasties - Rev. Hosp. Clin. Fac. Med. Univ. Sao Paulo;46(3):145-7, maio-jun. 1991. ilus.
6. Ramirez OM - Abdominoplasty and abdominal wall rehabilitation: a comprehensive approach - Plast Reconstr Surg; 105(1):425-35, 2000 Jan. ISSN 0032-1052
Fotografias
Figura 01 A: Marcação pré-operatória da dermolipectomia e da vibrolipoaspiração |
Figura 01 B: Marcação pré-operatória da dermolipectomia e da vibrolipoaspiração |
Figura 02 A: Infiltração prévia e Irrigação intermitente durante a vibrolipoaspiração |
Figura 02 B: Infiltração prévia e Irrigação intermitente durante a vibrolipoaspiração |
Figura 03: Vaso perfurante preservado após descolamento do retalho |
Figura 04: Testando o retalho após descolamento |
Figura 05 A: Marcação da Plicatura Mediana e fixação do umbigo à aponeurose |
Figura 05 B: Marcação da Plicatura Mediana e fixação do umbigo à aponeurose |
Figura 06: Aspecto Final, no 3º PO |
Infiltração adr 1:500.000 |
Infiltração adr 1:500.000 |
Infiltração adr 1:500.000 |
Coleta de gordura em frasco para drenagem de tórax |
Irrigação intermitente da lipo |
Marcação da incisão peri-umbilical |
Marcação da incisão peri-umbilical |
Incisão peri-umbilical |
Incisão peri-umbilical |
Incisão da borda superior |
Incisão da borda superior |
Incisão da borda superior |
Vaso perfurante preservado |
Medindo o retalho |
Medindo o retalho |
Marcação da plicatura |
Pontos de fixação do umbigo à aponeurose |
Plicatura feita. Umbigo fixado à aponeurose |
Marcação do umbigo |
Marcação do umbigo |
Marcação do umbigo |
Desbastando orifício p/ umbigo |
Desbastando orifício p/ umbigo |
marcação Baroudi antes de “carimbar” |
marcação Baroudi já “carimbada” |
Pontos Baroudi - aproximação das referências |
Pontos do umbigo pele externa à aponeurose - sutura transversa já feita |
Pontos do umbigo pele externa à aponeurose - sutura transversa já feita |
Apresentação para fixar pele externa à aponeurose |
Pontos cardeais fixando pele peri-umbilical à aponeurose |
Finalização do umbigo |
Finalização do umbigo |
Finalização do umbigo |
VibroAbd_pós-Frente |
VibroAbd_pós-lateral |
VibroAbd_pós-obliq |
VibroAbd_pré-Frente |
VibroAbd_pré-lateral |
VibroAbd_pré-obliq |
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